Finalizada!

Capítulo Único

— Infeliz!
Bati a porta com força assim que entrei no apartamento e esperneei, sabendo que não estaria em casa.
Ou pelo menos não deveria estar.
— Mas o que é isso? Enlouqueceu de vez? — A voz dele veio do corredor e eu parei com meus pulos no lugar, sapateando o chão como estava, para encarar ele, ao longe, coberto apenas com a toalha enrolada na cintura.
Imediatamente a fala de veio em minha mente: "você e tem muito mais do que uma amizade".
Ele só podia estar muito louco de achar que eu e teríamos alguma coisa. Mesmo se passando muito tempo desde o ocorrido no baile de máscaras, quando precisou inventar uma mentira para ninguém descobrir que eu estava pegando seu amigo, ainda acreditava que eu e ele tínhamos tido algo em algum momento de nossas vidas, ou que ainda poderíamos ter. E isso fez com que eu o largasse no meio de uma avenida, voltando para casa de metrô, porque estava furiosa demais e acabei esquecendo meu celular em seu carro.
Como não voltei atrás, tive que tomar um trajeto de duas horas para chegar no apartamento, onde eu tinha me mudado para morar com há pouco tempo.
deixou seu celular na portaria. — Me avisou, parecendo ignorar meu estado de surto.
— Ah, que ótimo. Bem educado ele — respondi irônica, tirando os fios de cabelo do meu rosto e ajeitando minha postura. — Você fez alguma coisa pra comer? — comecei a tirar meu salto alto, para ir me despindo das outras peças que eu vestia, mas quando senti meus pés no chão, algo não me pareceu certo e eu não dei tempo de ele responder: — Não era pra você estar no aeroporto esperando a sua fotógrafa? — apontei com meu scarpin para ele.
— Ela não vem. Vai estender mais uma semana na Itália. — começou a cruzar o corredor, vindo em minha direção. — E ela não é minha. Não somos um do outro.
— Ah, verdade… O lance de não se prenderem e tal — suspirei, jogando os sapatos no chão e começando a tirar a jaqueta de couro. Algo normal, mas que se tornou um problema quando me dei conta da situação.
— Você vai pegar uma gripe com essa roupa toda molhada. Tira logo e vai tomar um banho, o aquecedor está ligado. — Ele disse, pegando uma toalha do armário no final do corredor.
Eu estava molhada da chuva. Minha camisa branca ficou totalmente transparente e justamente naquele dia eu não tinha saído com sutiã, já que meus planos eram provocar a paciência de , como sempre. Mas foi um pouco tarde, porque assim que se virou e estendeu a toalha pra mim, seus olhos se direcionaram ao que a transparência da minha roupa marcava. E eu cravei os meus em seu peito coberto por gotículas de água, do provável banho tomado, ainda com a voz do outro ecoando na minha cabeça:
“Perceba como vocês dois agem um perto do outro”, foi uma de suas insistências.
Só podia estar mesmo louca.
Limpei a garganta e agi naturalmente. Com certeza era só a raiva de Jeon me fazendo prestar atenção em detalhes desnecessários, criar cenários de coisas que eu jamais observei de tal forma. Ele tinha plantado em minha cabeça algo que não tinha como sustentar.
— Vou tomar um banho — disse simples, pegando a toalha e seguindo pelo corredor, sem esperar a resposta de .
— Não demore, está chovendo muito forte e já teve queda de energia no prédio hoje. — Ele disse alto e eu entrei logo em meu quarto, batendo a porta.
Aquela noite tinha tudo pra dar certo quando eu saí de casa. Era meu objetivo principal. Primeiro o jantar com , depois fazer algum programa meloso porque ele gostava e, por último, acabar no apartamento dele bagunçando tudo, para sair correndo na manhã seguinte arrumar e preparar o café da manhã como ele gostava — haja visto que o bonitinho tem péssimas tendências culinárias; nada muito diferente de mim, mas eu ainda conseguia me sair um pouco melhor. Porém, ele estragou tudo ainda no caminho, enquanto estávamos conversando aleatoriedades com o carro parado numa avenida no meio de um trânsito descomunal pela tempestade que se formava. usou toda a sua indiferença para me dizer que já sabia que nossa relação não avançaria muito além do que estávamos fazendo nos últimos dois meses, porque, segundo a sua observação, eu e ainda iríamos enxergar o que de fato sentíamos um pelo outro.
Isso me deixou muito irritada. Me deixou furiosa ao ponto de largar ele falando sozinho e sair de seu carro, no meio da avenida, embaixo dos primeiros pingos levianos de chuva, e correr para a primeira entrada do metrô que eu encontrei. Estávamos do outro lado da cidade, relativo ao endereço que ficava o condomínio de , e eu tive que esperar o transporte público, tomando chuva. Tudo bem que não era exatamente culpa dele, sendo mais o meu temperamento facilmente irritável falando mais alto, mas em meus motivos, fazia certo sentido.
Quando minha mãe e a senhora Kim se conheceram, ainda na infância, fizeram um juramento — que eu só não chamaria de bobo porque me rendeu um companheiro pra toda vida — de casarem e terem filhos juntas, na mesma época. Minha mãe conheceu meu pai um pouco depois da senhora e o senhor Kim começarem a namorar e quando eles casaram, papai pediu a mão da minha mãe em casamento. Mamãe engravidou primeiro, mas duas semanas depois do seu positivo, a senhora Kim descobriu que também estava grávida. Tudo caminhando conforme o planejado das duas e então nascemos eu e .
Na época de escola, ainda morando em Anyang, e eu íamos e voltavamos juntos, todos os dias, sem exceções, já com mais de dez anos. E sempre ouvimos dos outros que seríamos um casal, que tínhamos uma aura conjunta muito forte e que jamais iríamos nos separar. Passei a infância com esse tipo de comentário, sempre ouvindo que seria o grande amor da minha vida e etc. Certamente, isso me irritava profundamente, porque nunca o olhei dessa forma, jamais pensei que criaria qualquer sentimento por ele, porque para mim era como se fôssemos irmãos.
Esses tipos de comentários continuaram vindo mesmo depois de nos mudarmos para Seul para ele se tornar um idol e eu me aprofundar mais na dança. Seus amigos demoraram a acreditar que nós dois éramos mesmo como irmãos e quando eu e , um deles, estudando juntos, começamos a nutrir aquele sentimento de primeiro amor, as coisas melhoraram e pareceu que grande parte entendeu que nós realmente não alimentamos esse clichê de melhores amigos que terminam juntos no felizes para sempre.
Eu e temos uma liberdade um com o outro que irmãos não tem, isso é reconhecível e pode até ter sido forçado pelo meu jeito maluco. Nunca me importei dele andando de cueca na minha frente, ou até mesmo das vezes que invadi seu banho por alguma ansiedade por algo que queria que ele soubesse. Confesso que meu imediatismo era um traço forte de defeito. Assim como nunca pareceu desrespeitoso ele fazer o mesmo, por mais que fosse em uma escala menor. Sempre conversamos sobre nossos enroscos; com a minha moradia em Nova York, longe dele, passávamos horas no telefone quando podíamos, falando sobre tudo e por ele ter uma vida um tanto controlada demais, demorou a querer se envolver, então decidiu vestir a carapuça do bom e velho artista rodado nos bastidores.
E não, jamais, de forma alguma, eu senti qualquer ciúme dele me contando sobre as fulanas com quem saía. Pelo contrário, eu dividia minhas experiências com ele também. Nossa relação sempre foi muito aberta. Sempre. Afinal, eu não tinha mais ninguém além dele, a qual pudesse confiar minha vida e me concedesse tanta segurança. Era uma via de mão dupla.
Inclusive, não passava essas coisas com outro olhar em minha mente.
Até querer reviver isso de repente.
Por esse motivo me irritei e não quis ouvir ele, justo ele, dizendo mais baboseiras sobre um assunto desgastante.
Agora somos adultos, temos outras perspectivas e visões das coisas. Não basta apenas negar e seguir em frente, principalmente no nosso caso, tendo tanta proximidade assim — vide eu chegando em casa e ele de toalha, ainda um pouco molhado do banho e tudo o mais. Seria hipocrisia dizer que minha cabeça não entrou em parafuso, porque alguém como , de certa importância recente pra mim, estava alimentando essa maluquice. Não era também como se eu estivesse apaixonada, estávamos apenas seguindo o fluxo do que poderia render o nosso primeiro passo de “inimigos com direitos”, como destacamos. Com um certo tempo de convivência, pude aprender que era bem observador, então ouvir dele despertou em mim a curiosidade para tirar essa história a limpo e lá no fundo, bem no fundo do inconsciente, não consegui lutar contra.
Assim que entrei em meu quarto, tirei a roupa, sentindo o arrepio por toda minha pele em ritmo com os trovões do lado de fora. Uma tempestade como essa em Seul causava estragos, estava fazendo muito, mas muito mesmo, calor nos últimos dias e a massa de ar quente, segundo a meteorologia, se chocou com o clima úmido, então deveríamos ter dois dias de muita chuva a partir daquela noite. Um dos alertas alertavam possíveis quedas de postes de energia pela cidade. E se tinha uma coisa que eu odiava — além de pessoas insistindo num romance entre eu e , claro — era esse tipo de desastre natural. Me dava calafrios.
De tão absorta em meus pensamentos perturbados, acabei me assustando com um trovão forte e muito alto. Provavelmente o raio havia caído em menos de 2km do condomínio, por isso o barulho. Berrei, levando a toalha na altura do meu busto em um ato automático e me assustei logo em seguida com entrando rápido no quarto. Ainda parada aos pés da cama, seminua, fiquei muda e petrificada.
— Tá tudo bem? — perguntou, preocupado. Ele sabia do meu medo.
Apenas assenti positivo, apertando o tecido contra meu peito e abaixei a cabeça. Nesse movimento, meus olhos analisaram rapidamente o que tinha em minha frente, e o sentido que isso teve em meu cérebro pela primeira vez em quase 26 anos, me assustou, mas eu não consegui inibir o pensamento libidinoso.
— Não demore no banho… — Ele disse sereno, voltando para trás. — Qualquer coisa é só chamar.
Assenti novamente, limpando a garganta, me apressando a responder ao ver que ele estava se movimentando para voltar.
— Deixa a porta aberta! — saiu exasperado e ele respondeu assentindo também. — Não vou demorar.
sumiu da minha frente e eu soltei o ar preso, olhando o espaço que ele deixou vazio.
Minha mente traiçoeira e facilmente influenciável não repassava mais a voz de ; ficou travada na imagem de vestido com uma única peça no lugar da toalha que antes o cobria antes. Agora era uma calça de moletom cinza marcando toda sua perna e demais pontos a serem salientados, e o peito nu, que, diga-se de passagem, era um senhor de um peitoral malhado — isso eu já sabia. Os fios de cabelo ainda um pouco úmidos também não ajudaram em muita coisa.
— Eu te odeio, Jeon ! — resmunguei para o vácuo, virando em cima dos meus calcanhares e caminhando para o banheiro da suíte.
Tirei minha última peça, a calcinha, encarando a porta com pesar. Realmente cogitei fechar pelo menos a do banheiro, mas eu não ia conseguir ficar fechada ali, com o tanto de trovões do lado de fora. Meu medo era mesmo real.
Liguei o chuveiro e entrei de uma vez só, pegando a água um pouco fria, sendo extremamente necessário para me dar um choque de realidade. Mas conforme foi esquentando meu corpo foi correspondendo às imagens que minha mente continuava a repassar de , primeiro ele de toalha e depois de moletom, seguindo, por fim, para todas as vezes que eu invadi o banheiro de sua suíte quando ele estava tomando banho. Estranhamente, eu tinha desenhado em minha memória toda a sua silhueta e detalhes que compunham seus 1,87 cm de altura. Isso começou a me perturbar, porque eu podia transferir para quem fosse, meus pensamentos estavam voltando nele.
Em .
Meu melhor amigo.
O primeiro a saber quando dei meu primeiro beijo e quando fui dispensada pela primeira vez, ou até mesmo quando perdi minha virgindade com seu outro amigo. sabia tudo sobre minha vida, minhas angústias, meu passado, e ainda era uma pessoa indispensável de todas as formas. Sem chance alguma de dar vazão à parte do meu cérebro que estava querendo insistir em reagir com vigor aos pensamentos sem sentido de .
Porém, por mais que eu tentasse lutar contra, maior se tornou a perturbação. Conforme as imagens de memórias antigas surgiam, tinha uma parte de mim querendo admitir alguma coisa. O que exatamente sairia do momento que eu aceitasse o fato de ser um composto de homem lindo, charmoso e muito atraente, poderia ser perturbador demais.
Enquanto fui me lavando, na luta interna contra meus próprios pensamentos traiçoeiros, também precisei lidar com a reviravolta nas sensações. As lembranças tomaram forma física e agora eu sentia arrepios só de lembrar dos toques dele em mim, por mais simples e inocentes que poderiam ser. A gente se abraçava, gastava horas no colo um do outro, parte comum da nossa relação íntima que agora soava tentadora demais, conforme eu ia revivendo cada vez que seus dígitos dedilharam minha pele de alguma forma. E isso me deu falta de ar. Um aperto ansioso no peito, como se criasse aquele anseio para acontecer de novo, fazendo uma mistura entre a água fervendo contra meu corpo entrando em um estado incandescente.
Fechei meus olhos, apertado, levando o sabonete mais para baixo, quase desistindo de continuar o banho por tudo aquilo se tornar torturante, ainda que eu fosse lidar somente com minhas mãos — tortuoso demais. Só de pensar que era para eu estar com e agora estava embaixo de um chuveiro, criando uma história boba em minha mente envolvendo , com meu corpo reagindo daquela forma, meu coração errava batidas. Se eu fosse me tocar, não era a figura de incentivo em minha mente naquele momento.
Que droga!
Como eu me masturbaria pensando em ?
— Merda! — xinguei baixo em resposta.
Sem qualquer controle, alcancei o meio das minhas pernas, abandonando o sabonete para cair no chão. Arrastei um gemido baixo, mordendo meu lábio para controlar e não acabar saindo muito alto, assim que toquei em meu clitóris.
Por mais forte que eu pudesse ser e tentasse incessantemente tirar a imagem de da minha mente, não voltava. Não voltava porque meu melhor amigo parecia mais espaçoso por ora; não voltava porque eu estava com raiva dele por ter feito isso comigo.
não voltaria porque eu estava querendo outra pessoa no momento.
E essa pessoa estava fora de cogitação.
Como eu chegaria para e diria que precisávamos transar para eu tirar uma dúvida implantada em minha cabeça?
Ele estava gritando meu nome, como se concordasse com isso, não tinha mais o que eu lutar contra. O jeito era eu me virar sozinha e fingir que isso jamais aconteceu.
E nunca mais, jamais, de jeito maneira, iria invadir os banhos de . No máximo vê-lo seminu ainda dava, ou não, teria que testar para saber também.
— Tudo bem, vamos lá! — sussurrei, me decidi e era isso que eu faria. O que me restava fazer, na verdade.
— Vamos onde?
Abri meus olhos, assustada, e vi escorado na soleira da porta, com uma lanterna apontada para o chão. Estava tudo escuro, a água que caía em minha pele de repente começou a doer de tão fria que ficou. Pulei para fora da corrente que saía do chuveiro e engoli a seco, ele não podia estar ali há muito tempo.
Podia?
— Onde você estava? — perguntou e eu ainda me mantive encarando o registro do chuveiro, no meio do escuro pouco iluminado pela lanterna, petrificada. — Tô te chamando há um bom tempo e… Você sequer notou que estamos sem energia, Bee! E não vou nem mencionar você e… e… Você sabe...
É, ele viu o que eu estava prestes a fazer.
Lástima!
Ele me conhecia muito bem. jamais cairia em qualquer desculpa sem graça que eu inventasse.
Respirei fundo e mordi as bochechas por dentro.
me contou o que aconteceu. — Sua voz retornou e eu continuei sem encará-lo, mirando o mesmo ponto. Não demorou e abriu o box, me entregando a toalha. — Você não vai entrar nessa paranoia, vai?
Eu já entrei, gatinho. Você não faz ideia como! Se tem uma coisa que eu entrei foi é de corpo todo.
Bee… — cantou meu nome em um tom melódico conforme eu me enrolava na toalha e eu fui sentindo meu corpo voltar a ferver. — Olha aqui, a gente não...
Não consegui deixa-lo terminar, meu temperamento não deixou. Isso estava me consumindo uma sanidade absurda.
— Fica quieto! — disse alto, virando para estapear seu braço, que foi a primeira coisa que alcancei por ele estar virado de perfil para mim. — Isso é culpa sua, inferno! Primeiro decide se tornar idol e ter um monte de amigo gato, depois acha razoável começar a malhar e agora você é esse tremendo gostoso que anda pelado pela casa, !
— Ah pronto! — Ele reclamou, tentando se afastar. — É seu fetiche me estapear?
Parei por instantes, olhando nos olhos deles.
Mais essa para a minha coleção de paranoias, claro. Agora as páginas da minha cabeça tinham mais um capítulo envolvendo fetiches e coisas que poderiam ser feitas usando todo o seu aparato musculoso.
— Cala a boca, ! — voltei a estapeá-lo, histérica. — Eu tô descontrolada porque seu amigo resolveu bancar o cupido e acha que eu e você temos qualquer chance de nutrir sentimentos um pelo outro.
— Descontrolada por isso, Bee? E você por acaso nutre sentimentos por mim? — Ele tentava se esquivar enquanto se esforçou para dizer.
— Claro que não! Eu… Eu…
As palavras sumiram.
Eu realmente não tinha nenhum sentimento por ele. Não de forma apaixonada, claro.
Não era sobre isso e eu tinha certeza, colocaria a mão no fogo se fosse necessário.
Então tudo aquilo esquentando meu corpo era só vontade de transar com ?
— Não é o que parece.
Em meio ao meu devaneio, disse firme e eu voltei, encarando-o com o cenho franzido e minhas mãos espalmadas agora em seu peito, por ele ter mudado a posição e se virado de frente pra mim.
Conhecia muito bem o tom usado. Era o mesmo que ele usava quando a gente discutia por alguma coisa, sendo ele o primeiro a incitar a discussão com seu tom provocativo, sabendo o quão competitiva eu era.
Encarar os olhos dele foi como uma lenha robusta para a fogueira dentro de mim.
— O que você disse? — perguntei baixo.
— Você estava distante, Bee. Sequer notou a água gelada e que estamos sem energia… O que estava fazendo? Ia se masturbar pensando no ? — riu fraco.
— Não, era em você. Inferno. — Minha resposta saiu automática e eu levei as mãos imediatamente para o rosto. não disse nada e eu o encarei por entre os dedos. — Não vai dizer nada? — Ainda sem resposta. — Fala alguma coisa!
Fiz menção de bater em seu peito, mas as mãos dele foram rápidas demais e, soltando a lanterna no chão, seguraram meus punhos, não muito apertado, mas o suficiente para me impedir.
Seus olhos encaravam os meus, com seu corpo curvado para frente por nossa diferença absurda de altura, e eu estava sentindo o calor quente de sua pele, como se fosse um cobertor, pelo seu tamanho. me cobria por inteira só com um de seus braços, se quisesse.
Se quisesse? E por que eu iria querer?
Que droga.
— Você realmente deu ouvidos ao que disse? — A voz dele saiu baixa, igual quem conta um segredo.
— Eu só me irritei com o quão repetitivo isso era e agora parece ter voltado a ser.
— Só isso? — Ele insistiu.
Limpei a garganta, desviando o olhar para sua boca fechada e em outros detalhes de seu rosto, enchendo meu peito de ar para não esquecer de respirar.
Estava tudo indo de 0 a 100 muito rápido por minuto.
— Era só isso, até eu chegar em casa e ver você — comecei firme. — Não era pra você estar aqui — completei fraco, porém.
— E o que eu tenho de culpa nisso, Bee? — continuou com o mesmo tom, salientando sua língua presa.
E até hoje eu não tinha notado como isso era charmoso?
Fechei os olhos brevemente e quando os abri reparei o quão próximos estávamos.
— Olha a distância que você está de mim, isso responde sua pergunta.
pareceu vacilar, eu senti nas suas mãos em volta dos meus punhos, e ele me soltou lentamente. Se endireitou e me mediu de cima a baixo.
— Você acha que eles estão certos? — Me perguntou.
— Eu não sei.
Ficamos em silêncio, ainda próximos, e eu varri meu olhar novamente em seu corpo. Estava me chamando como um imã.
Bee… — me chamou. — Meus olhos estão aqui em cima.
— Eu sei, ok? Não tenho culpa se você é alto demais a ponto do meu campo de visão ser o seu… o… — gesticulei, apontando na altura do peitoral dele, resmungando uma sílaba arrastada em seguida.
Não fosse minha memória traiçoeira, eu poderia ter lidado bem com a imagem de em minha frente, pela pouca iluminação advinda da lanterna, mas eu conhecia demais o corpo dele pra não saber cada detalhe.
Outra vez, eu odeio Jeon !
Ele soprou um riso fraco, rompendo o silêncio junto com o barulho da água do chuveiro ainda ligado — só então eu notei que não tinha desligado no registro. Tornei a erguer meu rosto para encarar e quando o fiz, não tive tempo de pensar, seu rosto estava muito mais perto e seu braço envolveu minha cintura. Nossas bocas se encontraram e o primeiro selar durou um bom tempo, sendo interrompido pelo empurrão que eu lhe dei ao espalmar minhas mãos em sua pele. A última troca de olhares intensa trouxe junto a volta da energia na casa e eu vi nitidamente o que estávamos fazendo.
— Não é traição se não estamos em relacionamentos, certo? — perguntei e ele assentiu.
— Laura não é minha namorada.
não é meu namorado.
As mãos dele pousaram por cima das minhas.
— Quer tirar a prova se eles estão certos ou não? — perguntou hesitante.
— Pode ser só uma vontade repentina de transar mesmo, isso não vai matar ninguém e nem a nossa amizade. Não é?
— Só vamos saber se acontecer.
O pior é que ele estava certo.
Não disse mais nada, voltou a envolver minha cintura e “jogou” seu corpo contra o meu, me beijando outra vez, porém agora deixamos nossas línguas se unirem também. Foi um choque delicioso, se espalhando por todo meu corpo como uma descarga elétrica, e eu senti a necessidade de colar ele mais contra mim. Colar ao ponto de quase nos difundirmos um no outro. O segundo choque foi sentir minhas costas baterem contra o azulejo gelado em contraste do corpo dele sendo molhado pela água quente do chuveiro, me molhando por tabela. As mãos dele, em sincronização, ergueram meus braços, me impedindo de tocá-lo e eu me remexi contra seu corpo, inquieta.
fez um trajeto lento pela minha mandíbula e pescoço, alcançando meu busto e eu não consegui me conter; ergui minha perna direita, alisando a lateral do corpo dele e foi o suficiente para que ele entendesse o recado, soltando minha mão e apertando minha coxa, me dando o impulso para envolver as pernas em sua cintura e subir em seu colo. Voltei a beijá-lo, parados embaixo da água quente, e o ritmo parecia ir se fazendo sozinho, se tornando mais necessitado a cada segundo, tal qual um predador faminto.
Apertei minhas mãos em seus ombros conforme o beijo foi resultando em sensações ardentes e logo senti se locomover, saindo do box com cuidado. Sem separar nossas bocas naquela harmonia deliciosa e intensa, ele caminhou comigo em seu colo até a minha cama, me colocando nela.
Somente então nos afastamos. Assim pude vê-lo por inteiro, agora encharcado de água e refletindo sua melanina.
De forma ligeira, se despiu da calça e eu tive um leve susto ao ver que ele estava nu por baixo. Em resposta à minha visão, passei a língua pelos lábios, assumindo de vez que era isso e ponto final. Só acabaria depois de ele me fazer gozar.
— O que foi? Esse é um sorrisinho que eu não conheço, Bee. — Ele disse, vindo para cima de mim, com o joelho apoiado na cama. Seus dois braços foram um para cada lado da minha cabeça e eu não consegui me concentrar em nada.
Subi meus braços e dedilhei o peito dele.
— Então vai conhecer. Essa é uma outra Bee, vamos ver se você aguenta ela.
Não dei tempo para que ele risse o suficiente; colei nossos lábios outra vez e abracei sua cintura com minhas pernas, sentindo a toalha começar a ceder.
Sem notar ou planejar, apertei o enlace em sua cintura, sentindo a fricção da minha região íntima com a dele e isso me fez escapar um gemido frouxo, baixinho, contra sua boca. correspondeu com uma leve mordida em meu lábio e investiu mais o seu corpo no meu, movendo seu quadril como em uma estocada sutil. Então pude sentir a sua ereção surgindo.
Pela minha vasta lembrança, era grande e, somente agora, despertou em mim o anseio.
Faltando o ar, nos afastamos e eu aproveitei para me forçar contra ele, girando na cama e invertendo nossa posição. Estando por cima, lancei meu sorriso cínico para ele e o beijei rapidamente, parando quando suas mãos quiseram subir pelas minhas coxas. Beijei de seu pescoço até o mamilo direito, deixando um chupão nada delicado, depois soprando e repetindo o mesmo do outro lado. O aperto na minha carne serviu como uma resposta de como isso o afetou.
Continuei descendo, ficando com minha bunda mais arrebitada para cima conforme mais baixo chegava.
Alcançando a entrada de sua virilha com os beijos, me coloquei entre suas pernas, encarando a ereção e depois seus olhos brilhantes e ansiosos. Sem usar as mãos, continuei a trilha com meus lábios devagar, iniciando por sua glande e então descendo por toda a extensão, até os testículos. correspondeu com a respiração falhada e eu guardei pra mim mesma o meu orgulho, concentrando-me em continuar o que tinha começado. Agora, mais do que um minuto atrás, eu já estava ávida demais por senti-lo dentro de mim, fosse em minha boca ou minha boceta.
Espiei seu rosto, movendo somente o olhar, e ele mordia o lábio, com os braços atrás da cabeça servindo como apoio. Tomei breves segundos antes de pegar em seu membro com a minha mão, colocando certa pressão conforme o tempo dos meus dedos o abraçando foi passando. Sem qualquer hesitação ou avisos, segurei de modo que ficasse exposto e o lambi, de baixo para cima, colocando por inteiro em minha boca assim que cheguei na glande lubrificada e já em ponto de sensibilidade pela excitação. Não medi profundidade, cobrindo-o até bater em minha garganta. Poucos segundos depois, ouvindo-o sibilar alguma coisa com sua voz rouca, tirei e comecei a masturbá-lo com minha mão.
— Muito prazer, Bee. — disse em tom galante e eu sorri, sem parar o movimento da minha mão.
— Pode apostar que sim… Muito prazer — lancei um beijo em sua direção, antes de voltar seu membro para minha boca.
gemeu outra vez, falando um palavrão qualquer, e eu fui aumentando a velocidade que chupava seu pau de forma gradativa, alternando o tempo que mantinha sua ponta batendo em meu palo alto. E quanto mais rápido eu comecei a ir e voltar, pude notar que mais descompassada sua respiração ficava, a ponto de ele se sentar e segurar meu cabelo molhado que insistia em cair nos meus olhos. Não estava mais com a trava de antes, então eu poderia assumir livremente que sim, Kim tinha um gosto delicioso e eu fui besta em demorar para provar, quando o tive ali, há muito tempo, do meu lado, tão pertinho.
Entretanto, continuava a mesma coisa por ora, era só isso, apenas a vontade de sentar naquela carinha gostosa e ouvir sua voz arrastada com gemido meio ríspido pela língua presa. Já que eu estava ali, iria aproveitar o máximo possível, aliás.
Passado um tempo, com seu membro pulsando e empapado de lubrificação, me puxou para si, tomando meus lábios com vigor e levando junto meu corpo pra cima, fazendo com que eu me sentasse perfeitamente encaixada em seu colo, o que foi o ápice para eu gemer alto ao sentir o roçar de nossas regiões íntimas. Segurei em seus ombros, cravando as unhas na pele dele, e pressionei os olhos, sentindo a leve mordida deixada em meu lábio, puxando-o conforme se afastava.
colou sua testa na minha, respirando ofegante, no mesmo ritmo descompassado que o meu. O efeito mais forte estava saindo a cada beijo que dávamos, pois eu me transportava para uma dimensão sem contagem de tempo, como se me perdesse dentro de mim mesmo. E não contabilizar o tic tac dos minutos me rendia o bom proveito do que estávamos fazendo. Talvez fosse só aquela noite, pela paranoia que eu criei — e notei que ele também pareceu compartilhar do mesmo —, mas teria que ser bem feito, claro.
— O que estamos fazendo? — perguntei em um lapso de racionalidade, mas sem abrir os olhos, sendo mesmo apenas uma fração do estado racional, porque em contrapartida, na posição que estava não consegui impedir o ímpeto do meu quadril, rebolando em seu colo. Seu braço sustentado minha cintura e a mão entrelaçada em meu cabelo não pareciam nem um pouco com uma situação de alívio para que eu pensasse fora daquela massa nebulosa de tanto tesão.
Senti um ar abafado pelo riso nasalado dele e automaticamente minha mente visualizou sua feição sacana, com o sorriso ladino que dava uma visão admirável de seu canino, fosse o direito ou esquerdo, a depender do lado que seus lábios subiam.
O pior era que eu sabia como tinha conhecimento dessa causa, do efeito que sua jogada suja alcançava em pessoas entregues a ele, assim como me contava sobre as diversas fulanas que apareceram em sua vida e serviram como algo casual antes de Laura aparecer.
Assim como eu estava naquele momento.
Merda!
— Quer mesmo refletir isso rebolando em cima de mim, Bee? — Ele perguntou nervoso e eu senti o seu ceceio coçar minha região inferior. — A gente pode discutir os benefícios depois.
Abri meus olhos imediatamente e encontrei os dele, faiscando contra os meus.
— Exato! Falaremos sobre isso depois — concordei, embebida da emoção momentânea.
— Ótimo — respondeu automatizado, me beijando logo em seguida, ao passo que se levantou comigo em seu colo.
Ao ser levada por ele para seu quarto, que tinha a porta quase de frente para o meu, lembrei de todas as vezes que o vi chegar da academia suado, cansado, e como seu corpo foi mudando conforme o tempo passou e dedicou horas para malhar. Antes de reviver essas memórias eu jamais tinha olhado para com vontade de passar minha unha por todo seu peito, desbravar seu tronco e dedilhar cada uma das veias saltadas pelo caminho do paraíso logo abaixo de seu umbigo. Isso parecia absurdo para mim.
Talvez agora eu precisasse agradecer a de alguma forma — e que fosse em cima dele, porque de maneira nenhuma minha relação com se estenderia, não tinha sentimento nenhum ali, continuaríamos amigos se ele não inventasse história. Pelo menos eu saberia viver normalmente depois daquela nossa prova dos nove.
Não tinha nascido para viver um “amigos coloridos” e sim o que tinha com o amigo dele, algo mais parecido com “inimigos com benefícios”. E se fossem me chamar de qualquer nome, pensando me deixar ultrajada e ofendida, pois que gastassem saliva. Não me importava. Sempre foi mais interessante me arrepender do que fiz, ao invés do contrário. Eu não me arrependeria de estar ali, sendo carregada por ele, prestes a foder gostoso em sua cama.
Segurei com as duas mãos em seu rosto, espalmadas uma em cada bochecha, impedindo que o beijo cessasse quando minhas costas foram de encontro com seu colchão, e mantive o enlace com as pernas em sua cintura, apertando forte, embora eu não colocasse uma força destrutiva, era mais sobre a necessidade de senti-lo. O frio em minha barriga foi aumentando e eu me senti mais ansiosa para ter ele dentro de mim, e como se tivesse lido meus pensamentos, se desvencilhou, rapidamente tirando o nó da minha toalha — jamais uma toalha aguentou tanto assim.
O pano felpudo foi para longe e quando eu ergui parte do meu corpo para que ele tirasse de mim, passou o braço por baixo da minha cintura, me puxando contra si, ele me movimentava com tanta facilidade ao mesmo tempo que me beijava e me tocava intensamente. E esse último beijo foi o mais difícil de cortar, porque realmente pareceu um transporte de mão única para qualquer dimensão efervescente, alimentando todos os meus pensamentos indecentes criados nas últimas horas. Se fazia até estranho como eu conseguia entender que aquilo tudo tinha tempo contado, por isso meus instintos aproveitavam cada detalhe.
O afastei lentamente, com peso na consciência e, conforme ele foi descendo seus beijos pela minha pele, deixando marcas, rastros que iriam me deixar furiosa quando eu entrasse no meu estado sóbrio, juntei o meu melhor para dizer:
— Onde está a camisinha?
Ele estava chegando no meu seio quando ergueu o rosto para me encarar, não disse nada, apenas continuou e, enquanto sua mão esquerda, que estava livre, foi para meu bico do lado direito, sua boca foi para o oposto. Descobri então que não precisava temer seus dentes caninos bem afiados e que a sua língua, com o charme de ser presa, podia fazer muitas maravilhas. E ele sabia muito bem se concentrar em duas coisas ao mesmo tempo: enquanto chupava um mamilo, o outro recebia a atenção de seus dígitos.
Diferente do que pensei, ele não parecia querer adiantar passos e tampouco era ansioso como eu quando chegava em um limite alto de tesão; com toda a calmaria do mundo, soltou o braço que ainda estava na minha cintura, sendo gentil também em seu movimento, e eu usei meus cotovelos para me apoiar no colchão, mantendo o meu tronco levemente erguido para que pudesse assistir suas benfeitorias. Ele beijou minha barriga até alcançar a virilha, mantendo o braço que estava esticado para que sua mão estivesse cobrindo meu seio, ao passo que a sua outra apertava a extensão da minha coxa. estava ajoelhando-se em minha frente, no chão, devido a altura em que estava na cama, sentada bem perto dos “pés”; ele dobrou minhas pernas assim que me soltou e eu fiquei como um belo livro aberto para seus olhos, com seu rosto bem próximo.
Como um tremendo filho da puta atentado que ele era, e eu já sabia bem, começou a passar a ponta de seu nariz pela parte interna da minha coxa direita, desde o joelho até perto da virilha, seguindo pelo meu monte de vênus para passar para o outro lado, arrastando os lábios juntos conforme foi indo até a altura do outro joelho.
Não resisti, quando ele retornou para o monte de vênus, agora usando mais a boca do que o nariz, fechei minhas pernas. não reclamou, ele riu contra minha pele e passou os braços por baixo de cada uma das minhas coxas e a ponta de sua língua encostou no meu clitóris, delicadamente se movimentando para iniciar um beijo preciso, num ritmo totalmente certeiro, tal qual uma pessoa com muita experiência — e conhecendo de sua realidade e o quão extensa era sua lista, não esperaria menos de .
Uma de minhas mãos automaticamente foi para os fios ondulados de seu cabelo, entrelaçando meus dedos por ali, firmando mais o aperto conforme seu oral ia se desenrolando com tamanha maestria. Não demorou muito e ele acabou encontrando um dos meus maiores pontos fracos pouco explorado por ser dificilmente descoberto: a massagem na parte interna de qualquer uma das minhas coxas enquanto fazia o tão majestoso trabalho de me chupar deliciosamente sem pressa, sem afobação, como se o mundo não existisse.
Então o grande momento chegou, eu não aguentava mais aquela “enrolação” de preliminar. Oral aqui, oral dali não iria mais suprir com a minha vontade. Eu estava ansiando por Kim dentro de mim, indo e voltando, querendo ouvir o som do barulho que o choque entre nossos quadris faria. Eu queria que ele me fodesse logo e de outra forma, por mais gostoso que estivesse sendo sua língua passeando livremente de maneira inteligente em minha boceta.
— Está com tanta pressa assim? — Ele cantarolou, fazendo uma rota de beijos iniciada pela minha virilha para subir quando eu o forcei a se levantar, puxando-o pelo cabelo.
— Quer passar a noite só me chupando? — revirei os olhos, trazendo seu rosto para perto do meu, com a mão em seu queixo.
Ele fez um bico, alcançando meus lábios.
— Não seria de todo ruim…
Por mais forçado que seu ceceio tenha sido agora, arrancou um gemido dos meus lábios com o beijo lento e sensual que deixou em minha boca, foi tão rápido, que eu não pude conter arrastar uma reclamação forçada pela saudade que me abateu, porque enquanto ele me beijou brevemente, não sei quantos dedos penetrou em mim, me surpreendendo. Ele tinha sua mão em minha nuca e apertou também de forma breve. Ao se afastar, me girou na cama, com o braço que me rodeava a cintura e eu não tinha sequer notado; me colocou de quatro, segurando em meu quadril para me manter empinada para si e eu senti o roçar contra minha entrada.
Um tremendo filho da puta — mas não no sentido literal, a senhora Kim era uma santa, e algo me dizia que eu não deveria pensar nela agora (não era apropriado).
Sua mão pesada espalmou uma de minhas nádegas em um tapa forte e deliciosamente ardido.
— Essa Bee é gostosa — disse com um riso perverso.
— Seu desgraça...
Não consegui terminar, ele lançou mais dois, um seguido do outro, de cada lado possível, o que fez meu corpo sofrer um solavanco. Arrastei meu tronco contra o colchão, afundando meu rosto para não transparecer a minha respiração ofegante.
Sem demoras, saiu e voltou, e eu julguei que já estava protegido para fazer o que eu tanto queria.
As mãos dele novamente me apertaram no quadril, trazendo-me para perto, e eu me ajeitei, puxando o travesseiro junto para ter o que apertar e transferir tudo o que estava exalando só pela antecipação do que estava por vir.
Senti envolver meu clitóris novamente com seu indicador, enquanto seu polegar circulou minha entrada anal e eu arfei, fechando os olhos forte o suficiente para arder minhas palpebras. Ele passou a mão lentamente pela minha boceta e deixou seu dedo médio por último, quase penetrando-o por inteiro, mas foi só um alarme falso, pois logo trouxe seu membro para ser pincelado desde cima até a entrada, repetindo isso por algumas vezes, e sempre fingindo que iria me penetrar, assim como segurando firme em meu quadril do lado esquerdo — da forma que ele apertava iria deixar uma marca por muito tempo.
Ao se afastar por mais tempo, eu concluí que ele era mesmo um desgraçado que gostava de jogar, mas isso caiu por terra ao passo que senti a ponta de seu pau entrando, devagar, tão lenta quanto a calmaria dele naquele momento estava exigindo. Um contraste imperfeito da minha ansiedade com o modo relax dele.
Lento.
Suave.
Tal qual uma naja que hipnotiza seres fracos como os humanos.
Como eu.
também era gentil. Um brutamontes de quase dois metros de altura que tinha a delicadeza certa para envolver no sexo sua força e bons modos. Ele xingava enquanto estocava em mim num ritmo próprio, ora sendo devagar, ora rápido, e quando tinha mais velocidade, a força não era abandonada, e isso não me deixaria ir muito longe; era tudo na medida certa, nada demais ou de menos, exatamente delicioso demais para ter um padrão.
Enquanto palavrões e gemidos se cruzavam, trocamos posições, com ele se sentando ali na ponta da cama e eu me tornando a pessoa “ativa”, recebendo seus beijos e chupões nos centímetros de pele que sua boca podia alcançar ainda que eu estivesse em um ritmo frenético quicando em seu colo, forçando o máximo que podia em minhas descidas, para sentir o quanto pudesse dele entrando e saindo. Até trocarmos novamente e ele me deitar, ficando por cima, me deixando ter a visão exata de seu rosto se contorcendo a cada vez que saía e voltava, deixando uma das minhas pernas erguidas e apoiadas em seu tronco agora suado e marcado das vezes que minhas unhas alcançaram sua pele.
Ficou um contraste interessante com a sua melanina.
Minha mão direita estava cobrindo perfeitamente um dos meus seios quando desci a outra para meu clitóris, acompanhando o ritmo com o dedo ali, ajudando a estimular o que eu estava quase encontrando conforme estávamos naquele embate. já estava vermelho e eu sentia meu corpo, antes fervendo, começar a tremular, relaxar, como se eu estivesse sendo removida para uma outra camada de calmaria e muita paz.
Automaticamente meus olhos se fecharam e eu contraí todos os meus músculos, me tornando inerte para qualquer realidade, sequer ouvindo ou percebendo o quão longo e ríspido foi o meu gemido pelo nome dele. Não senti mais nada, tendo uma sensação dormente de cima a baixo, e quando abri meus olhos, vi em sua última estocada firme, curvando seu corpo para me beijar enquanto se desfazia dentro de mim, dentro do preservativo. Preguiçosamente eu afaguei sua nuca, também tirando seus fios ondulados da testa, grudados pelo suor.
Ele caiu ao meu lado, igualmente preguiçoso, e se livrou do látex de qualquer jeito. Eu fiquei deitada da mesma forma, com os braços abertos, encarando o teto.
O que tinha acontecido?
Onde é que minha sanidade estava dormindo quando tudo isso começou?
E por que caralhos alimentou minha mente pervertida?
Silêncio nenhum iria responder minhas dúvidas.
— O que a gente fez? — perguntei, deixando o som da respiração dele ficar em segundo plano.
Demorou, mas sua resposta veio.
— Tiramos a dúvida, ué. — limpou a garganta, tomando uma pausa. — Ainda está na minha cama e já quer dizer que se arrependeu? — riu nervoso.
Me virei lentamente, enrolando-me meio sem jeito no lençol.
— Pode me chamar do que quiser, mas eu tô com uma vontade absurda de ligar para o e dizer pra ele que jamais esteve tão errado antes — disse hesitante.
Ele abriu um dos seus sorrisos mais sinceros que eu conhecia.
— E eu quero ligar para a Laura, pedir pra ela voltar logo. — Ele fez uma careta, se virando também e tirando o cabelo do meu olho. — Você está bem?
— Agora que a outra Bee foi embora, estou, podemos voltar ao normal. Amigos, mas sem benefícios, como sempre foi.
assentiu e se aproximou para beijar minha testa.
Ele só fazia isso quando queria dizer que me amava.
— Amigos, mas sem benefícios — repetiu o que eu disse, franzindo o cenho em seguida. — Não desligamos o chuveiro!
Fiz manha, me sentando na cama e depois voltando a deitar de novo.
— A mãe natureza odeia a gente agora. Vamos tirar na pedra, papel e tesoura?
— O quarto é seu, Bee! — Ele respondeu esganiçado, voltando a trazer o mesmo tom sempre incrédulo e reativo comigo. — Seu chuveiro, sua responsabilidade.
Dei de ombros, deitando de novo.
— Ok, você é quem paga as contas mesmo.
— A partir de hoje você divide todas elas comigo. — voltou a deitar de barriga pra cima. — Vai ficar rica mesmo… Não custa nada. Quem sabe assim volta no tempo e pede perdão por todas as vezes que reclamou do seu pai te berrando pelo tempo no banho. Se bem que… Talvez fosse compreensível, você gosta de relaxar no chuveiro pelo jeito…
— Ei! — ralhei com ele, sentindo minhas bochechas corarem e o sentimento antigo de querer estapear ele e o enxergar como um igual voltarem.
Obviamente não resisti e movimentei em sua direção, mas me segurou.
Levei um susto, pois a única vez que ele fez isso resultou no estado em que estávamos agora, mas foi passageiro, pois quando ele me puxou para deitar em seu peito, eu não estava me sentindo quente igual momentos antes — talvez foram minutos, horas, não sei.
— Depois a gente conversa sobre isso, só vamos apreciar o silêncio.
Não respondi ele, me aconcheguei em seu abraço e fechei os olhos.
Precisaria de alguns dias, por dignidade, para encontrar , mas quando eu fizesse, teria que deixar um belo aviso pra ele de que iria descontar com juros o que ele causou, mesmo que tenha sido bom — ou até mesmo por ter sido assim, tão gostoso.
Merda!


FIM.



Nota da autora: Olá, muito obrigada por ler! Espero que tenha gostado <3

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